25 de março
Na Igreja antiga celebrava-se, pouco antes do Natal, o mistério da Encarnação; a isso se referem ainda hoje os textos litúrgicos do terceiro domingo do Advento.
Não foi apenas uma preocupação de exatidão cronológica que contribuiu para fixar a festa da Anunciação nove meses antes do nascimento do Senhor, cálculos eruditos e considerações místicas fixavam igualmente em 25 de março a data da crucificação de Jesus e da criação do mundo. Deus não entrou no mundo pela força; quis “ propor-se” . O “sim” de Maria realiza definitivamente a aliança. Nela está todo o povo da promessa: o antigo (hebreu) e o novo (a Igreja); “o Senhor está com ela”, isto é, Deus é nosso Deus e nós somos para sempre seu povo. As leituras da liturgia de hoje – que é uma solenidade do Senhor – nos orientam para o mistério da Páscoa. O primeiro, o único “sim” do Filho, que, entrando neste mundo, disse: “Eis que venho fazer a tua vontade” . (Sl 39, Hb 10,4-10), recebe a resposta do Pai, o qual, depois da oferta dolorosa da paixão, selará com a ressurreição, no Espírito, a salvação apresentada a todos através da Igreja. A Encarnação é também o mistério da colaboração responsável de Maria na salvação recebida com dom. Revela-nos que Deus, para salvar-nos, escolheu essa pedagogia, a passar através do homem: “... e o Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós ... e nós vimos a sua glória” (Jo 1,14).
Repetindo em cada missa: “Fazei isto em memória de mim!”, o Senhor nos ensina a “darmos” também o nosso corpo e o nosso sangue aos irmãos. Tornando assim digna de fé a salvação de Deus, encarnando-a também nos pequenos “sim” que todos os dias repetimos, a exemplo de Maria.
(Missal Cotidiano)